Um bem-sucedido primeiro ano de Ciência sem Fronteiras
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Segue abaixo matéria do site do DAAD, Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico, que conta com o relato do estudante da UFAL, Fernando Nascimento.
Um bem-sucedido primeiro ano de Ciência sem Fronteiras
O programa Ciência sem Fronteiras movimentou o dia a dia do DAAD em 2012. A equipe cresceu, tanto no Brasil quando na Alemanha, o número de viagens e de palestras pelo Brasil aumentou de maneira significativa, assim como o de brasileiros estudando na Alemanha com bolsas de estudos. De acordo com dados das duas agências brasileiras que coordenam o programa, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), 21418 estudantes já foram selecionados para intercâmbio mundo afora via Ciência sem Fronteiras. Desses, 13006 cursam atualmente parte da graduação, realizam doutorado integral, doutorado-sanduíche ou pós-doutorado no exterior.
Na Alemanha, encontram-se 753 bolsistas, mas, desde o início do programa, 1653 brasileiros tiveram suas candidaturas aprovadas: 69 para doutorado integral, 218 para doutorado-sanduíche, 158 para programas de pós-doutorado e 1209 para graduação-sanduíche. Até 14 de janeiro, estão abertas as inscrições para mais uma turma de universitários, que viajará à Alemanha em julho, cerca de 10 semanas antes do início das aulas, período durante o qual participarão de cursos para aperfeiçoar ou aumentar o domínio do idioma alemão. Apesar de existirem cursos em inglês, as disciplinas de graduação na Alemanha são ministradas majoritariamente em alemão. Os conhecimentos do idioma alemão são avaliados por meio do teste OnDaF, realizado em mais de 20 cidades brasileiras (veja lista completa).
Para a equipe do DAAD, 2012 foi marcado por viagens de divulgação do Ciência sem Fronteiras pelo Brasil, de Manaus, no Amazonas, a Pelotas, no Rio Grande do Sul. Foram visitadas 31 instituições na região sudeste, 11 na região nordeste, 11 na região sul, cinco na região centro-oeste e quatro na região norte. O número de apresentações sobre o programa Ciência sem Fronteiras chegou a aproximadamente 70. Muitas universidades e institutos federais sediaram palestras mais de uma vez nos dois semestres de 2012, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife, e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. A divulgação ocorreu também em mais de 10 feiras e 17 palestras sobre o tema “Estudar e Pesquisar na Alemanha”.
No site do Ciência sem Fronteiras, é possível conferir por onde andam os brasileiros. O mecanismo desenvolvido oferece filtros, que facilitam localizar bolsistas por país, área do conhecimento e modalidade de intercâmbio.
Já na plataforma desenvolvida pelo DAAD, pode-se conhecer a oferta de vagas para a Alemanha: CsF-Alemanha.
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Confira abaixo o relato do bolsista Fernando Nascimento, estudante de engenharia civil da Universidade de Alagoas (UFAL), que realizou intercâmbio na Universidade Técnica de Aachen (RWTH).
“Meu nome é Fernando Nascimento, sou estudante de engenharia civil na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e moro em Maceió. Em 2012, participei do programa Ciência sem Fronteiras e fiz intercâmbio na Universidade Técnica de Aachen (RWTH), universidade de excelência da Alemanha.
Na universidade
A escolha da universidade foi um passo difícil quando decidi participar do Ciência sem Fronteiras. Um dos primeiros pontos considerados foi com relação aos cursos que iria fazer. Procurei escolher disciplinas em áreas que complementassem o que havia estudado até então na UFAL, apresentando, se possível, soluções para problemas que ainda enfrentamos no Brasil.
Contudo, houve alguns contratempos no processo de escolha, pois no período em que eu fui para a RWTH não havia disciplinas lecionadas em inglês no curso de engenharia civil. Como eu não tinha fluência em alemão, foi necessário escolher disciplinas em outros cursos, como no de engenharia mecânica e no de economia. Esse problema, no entanto, acabou sendo bom de certa forma, pois acompanhei duas matérias da engenharia civil em alemão, em áreas muito importantes e problemáticas no Brasil, e cursei disciplinas que me apresentaram áreas que não conheceria no curso de engenharia civil.
Tive de pegar duas disciplinas em alemão e como eu não tinha domínio da língua, foi bastante complicado acompanhá-las. Porém, graças à colaboração dos professores, que foram muito compreensivos, consegui acompanhar as matérias. Além disso, devido à dificuldade com a língua, os professores me possibilitaram participar de seminários e outros eventos em inglês, para que eu pudesse aproveitar ao máximo esse período.
Nas demais disciplinas, lecionadas em inglês, foi mais tranquilo, havendo algumas dificuldades somente relativas ao conteúdo da matéria propriamente dito, e não do idioma.
Nesse período em que eu estive na Alemanha, tive aulas de alemão. Eu já tinha um conhecimento bem básico do idioma, pois havia estudado alemão por mais ou menos um ano antes de viajar. O aprendizado durante o semestre foi muito grande.
Eu fiz um teste de nivelamento quando cheguei à universidade, para saber a turma em que ficaria e me surpreendi com o resultado. Consegui entrar em uma turma do nível A2.2, que é um nível quase intermediário. A partir daí, frequentei aulas de alemão na escola de línguas da universidade, convivendo com alunos de diversos países e aprendendo muito mais do que o alemão, mas um pouco da cultura dos colegas.
As aulas eram bem dinâmicas. A professora nos estimulava sempre a nos expressarmos em alemão, tanto em textos quanto em conversas, o que foi muito bom para o aprendizado. Além disso, o fato de morar lá me estimulava sempre a falar e a compreender a língua, pois eu me deparava com ela em situações cotidianas.
Nesse período de intercâmbio, não fiz estágio, pois passei somente um semestre. Estive muito ocupado com as atividades relacionadas às aulas da universidade.
Um dos pontos muito positivos nesse período na RWTH Aachen é que a universidade tem um vínculo muito forte com a indústria. Há diversos laboratórios de grandes empresas instalados dentro ou ao redor da universidade, possibilitando uma vivência prática maior aos estudantes e até mesmo um possível direcionamento para futuros empregos.
Conheci um desses laboratórios e visitei uma das instalações do instituto Fraunhofer. Vi algumas pesquisas desenvolvidas ali. Foi uma experiência muito boa e pude conferir alguns experimentos envolvendo tecnologia que ainda não existe no Brasil, além de equipamentos desenvolvidos pelo laboratório que são utilizados em diversas áreas da indústria, desde a área médica até a produção de máquinas e peças industriais. O Fraunhofer é um instituto internacionalmente conhecido pelo desenvolvimento de pesquisas e produtos inovadores, possuindo diversas patentes. Conhecê-lo foi incrível e muito motivador, pois isso nos estimula o desenvolvimento de novas tecnologias que ajudem nosso país a se desenvolver cada vez mais.
Integração
Morei em um dormitório da universidade. Na RWTH Aachen, existem diversos dormitórios de diferentes organizações, podendo-se dividir o apartamento com outros estudantes ou não. No dormitório para o qual fui selecionado, fiquei em quarto individual, com cozinha e banheiro próprios. Embora fosse difícil no começo, devido ao fato de eu nunca ter morado sozinho, isso acabou sendo bom, porque eu tive que aprender a me virar sozinho, cuidando do apartamento e aprendendo também a cozinhar.
Na RWTH Aachen, existe um programa chamado BeBuddy, em que um estudante da universidade fica responsável voluntariamente para ajudar um estudante estrangeiro recém-chegado. Eu participei desse programa e foi uma experiência muito enriquecedora. Fui recepcionado por uma estudante alemã de engenharia ambiental. Ela foi muito importante no processo de adaptação, pois me ajudou a conhecer os locais onde eu teria aula, além de me apresentar a cidade. Como ela estuda em um curso da mesma área que eu, pôde me dar algumas dicas das disciplinas que eu poderia cursar e me falar sobre os professores. Nós nos tornamos amigos, conheci os amigos dela, o que ajudou ainda mais no processo de adaptação.
Além disso, o BeBuddy organizava eventos para estimular a interação entre estudantes internacionais. Isso me possibilitou conhecer pessoas de diversas partes do mundo, fazendo amigos em países que eu jamais imaginaria: da Itália, da Bulgária, da Grécia, da Espanha, do Líbano, da China e até mesmo do Paquistão. Essa talvez tenha sido a experiência mais importante do intercâmbio, pois me relacionando com pessoas tão diferentes conheci um pouquinho de cada país e aprendi sobre culturas muito diferentes da nossa. Além disso, pude conviver com amigos alemães, é claro, e aprender mais sobre a cultura alemã.
Na universidade, também existia um grupo de estudantes estrangeiros que ajudava outros alunos de fora da Alemanha a se adaptarem e a resolverem problemas burocráticos. Esse grupo organizava viagens aos fins de semana e feriados. Para nós, estudantes, isso foi muito bom, pois eram viagens de baixo custo e que nos possibilitavam o contato com pessoas de diferentes países. Por meio dessa iniciativa, visitei várias cidades da Alemanha e de outros países, como Lucerna, na Suíça, Milão, na Itália, e Praga, na República Tcheca.
O programa Ciência sem Fronteiras
O programa Ciência sem Fronteiras mostra-se hoje como uma grande oportunidade de enriquecimento acadêmico e pessoal, além de ser um dos maiores programas de fomento de bolsas de intercâmbio acadêmico do mundo.
Eu participei do programa em uma das primeiras turmas. Por conta disso, tive muitas dificuldades no início com relação à procura da universidade e de moradia, além de outros problemas burocráticos, pelo fato de o programa ainda não ser conhecido quando eu estava indo. Entretanto, o programa nos ajudou com relação à preparação da documentação necessária e forneceu recursos financeiros suficientes para a estadia durante o semestre. Posso dizer que essa foi uma experiência muito marcante na minha formação acadêmica e pessoal, sendo muito importante para o meu futuro profissional.”
Rafaela Giordano